quinta-feira, 23 de maio de 2013

Sobre filas, prioridade e chorume ou como grávidas são amadas e odiadas pela sociedade


A barriga vai crescendo e, com ela, o amor do mundo pela sua pessoa gravídica. As pessoas te olham sorrindo na rua, admiram aquela redondice toda, te interpelam perguntando se você já sabe o sexo do bebê. Fofos. Um amor. Você nunca foi tão paparicada na vida por estranhos. Agora, quer ver a coisa mudar de figura rapidinho? Entre numa fila. Cadê amor agora? Cadê ternura? Cadê sorrisos?



Tenho certeza que tem gente que pensa que grávida sai de casa só pra catar uma prioridade. Uma senhazinha do banco ali, uma passadinha na frente no caixa do supermercado. Desculpa a frustração, mas não. A gente só tem uma vida mesmo. Temos de ir às compras, pagar as contas, resolver as pendengas e, obviamente, as filas e senhas prioritárias existem por um motivo.

Todo esse status prioritário é tão novo pra mim que eu, na maioria das vezes, sequer lembro de cobrar qualquer coisa. Até ouvir um “olha, a menina tem prioridade! Anda lá!” e ir muito timidamente pro início da fila acompanhada pelos olhares mais feios que alguém pode lançar. Alguns até analisam desconfiados o volume barrigal pra ter certeza que eu não to fazendo a grávida de Taubaté. De verdade, pessoas, vocês não vão me ver colocando o bucho em cima do balcão do caixa e fazendo barraco pra ser atendida antes de toooooooooodo mundo. A minha atual condição nem de longe é canalhice pra passar na sua frente. Tá com pressa? Que bom. Eu também. O senhor atrás de si também e a mulher na fila ao lado também. 

De novo todo mundo me amando e agora falo das pessoas conhecidas. Tudo magia, tudo chuva de papel picado até eu abrir a boca para reclamar de algum sintoma da gravidez. “Ai Naruna, paaaaaaaaaara. Olha o draaaaaaama!”. Parece que eu recebi uma bênção divinal e qualquer coisa que eu diga de levemente negativo deve ser condenada, rechaçada, desconsiderada, considerada um despropósito. Pessoas, me larguem. Soltem o meu cabelo. To achando uma maravilha estar grávida. Não tem coisa mais bonita que preparar uma outra pessoa e aprontar tudo em volta para recebê-la. 99,37% das minhas ~~reclamações~~ são mais do gênero “to achando isso curioso demais pra passar despercebido” do que “que karma! Como eu sofro!”. Se vocês soubessem que eu rio horrores do meu desengonçamento feat. nova conjuntura corporal talvez não achassem que sou esse aparente poço de chorume. A gravidez é um estado lindo, mágico, aaaaaaabsolutamente normal, mas vai dizer que não tem piada a pessoa precisar se arrastar e rolar de lado pra poder levantar da cama? Ou descobrir que seus pés não cabem mais no tênis porque eles viraram duas bolas de futebol do dia pra noite? Ou ainda achar que sua bunda tomou um formato estranho e não saber se é isso mesmo ou se é o crescimento da barriga que dá ao resto todo uma nova dimensão? Ok, esse último não é bem engraçado. Não pra mim. Parem de rir. É serio. Será que volta ao normal? :~~

Pra vocês da fila e pra vocês que reclamam que eu reclamo, apenas: 


Ps: Embutidinha deu um chute do lado direito da barriga e isso quer dizer que ela concorda comigo.

1 comentário:

  1. Ai Jesus... ameeei seu blog. Como você é engraçada. . Pior que é assim mesmo. Estou passando por tudo . . Beijos pra sua filhota linda !!!

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